Inovação é um tópico constante (e importante) entre as empresas de tecnologia em geral. Não apenas na tecnologia, mas inovar em diversos setores é importantíssimo em um mundo globalizado e competitivo como o nosso, se quisermos nos manter no mercado. Como empreendedor, inovar pra mim significa trabalhar de maneira inteligente para obter resultados acima da média com menos esforço.
Mas antes de falar sobre como inovar, o que seria inovação, exatamente?
Tipos de Inovação
Muitos estudiosos separam inovação em duas categorias distintas: inovação evolutiva e inovação disruptiva.
Inovação evolutiva é o carro-chefe dos japoneses. Pegar algo que já existe e deixar ele melhor, mais rápido, menor, mais barato, etc. Evoluir sobre produtos já existentes, melhorando a experiência geral com o produto. Este é o tipo de inovação “mais fácil”, pois constrói-se em cima do que já existe. É o que vemos em nossos smartphones, ano após ano, em nossos computadores, carros, etc.
Inovação disruptiva era o carro-chefe do falecido Steve Jobs e de muitas startups do Vale do Silício. É criar algo inteiramente novo ou com um conceito completamente diferente do que as pessoas estão acostumadas.
Não é criar um computador um pouco mais rápido que os antecessores, mas sim criar um notebook que pode ser guardado em um envelope ou ser passado por baixo da porta.
Não é criar um app para chamar táxi (o que seria uma evolução dos disk-táxi convencionais), mas sim um ecossistema de motoristas autônomos mundial.
Não é criar mais um site de reserva de hotéis, mas sim um marketplace onde qualquer pessoa do mundo pode alugar e pôr imóveis para alugar.
A disrupção é o que chama a atenção de verdade. É o mais arriscado de se buscar, mas que quando dá certo, é o que “dá mais certo”.
Os grandes inventores e empreendedores que todos lembramos são aqueles que inovaram pra valer, e não apenas colocaram um botão a menos ou a mais em algum produto.
Jobs inovou no PC quando todos acreditavam que computadores eram coisa pra empresas. Gates inovou no software quando todos achavam que o hardware é que era importante. Einstein inovou na física e na nossa própria concepção de realidade em meio ao tumulto das guerras, quando todos queriam apenas armas mais eficientes.
Note que existe uma linha tênue entre o que é evolutivo e o que é disruptivo. Muitas vezes a disrupção vem ao evoluirmos um produto de maneira tão brusca e impactante, que causa esse efeito “uau” de inovação que os produtos da Apple tinham no passado. Geralmente associamos este passo da inovação para a disrupção através da regra das 10x, citada por vários autores entre eles Grant Cardone.
A regra dos 10x
Essa regra diz que se você quiser ser realmente inovador (indo mais pra linha da disrupção) você deve ser 10x melhor que a concorrência.
Quando Jeff Bezos abriu a Amazon, ele não saiu do modelo de livraria tradicional com 10.000 títulos para uma livraria digital com 10.000 títulos. Ele partiu logo para 100.000 títulos. 10x mais.
Quando o Google entrou no mercado de busca ele não tinha “um pouco mais sites” que o Altavista em seu índice, ou seu algoritmo era x % melhor. Ele entrou indexando a web inteira, investindo pesado em processamento pra que os resultados realmente fossem relevantes.
Mas como inovar?
Grande parte das inovações bem sucedidas vem da resolução de problemas ou necessidades do dia-a-dia.
No mundo das startups chamamos isso de “coçar a própria coceira”. Você tem um problema, verifica se outras pessoas possuem o mesmo problema e decide resolvê-lo, sendo que em dado momento monetiza essa resolução e ganha dinheiro com isso. Essa é a receita básica da metodologia Lean Startup.
Muitas pessoas tem dificuldade de aplicar essa “receita”. Isso porque a maioria das ideias surgem quando estamos em modo de “tempo consciente”.
Tempo Consciente
Tempo consciente é um conceito que diz que no dia-a-dia fazemos muitas coisas no modo automático. Acordamos, vamos ao trabalho, vemos TV, lemos emails, etc. Tudo de maneira pouco crítica e quase sem perceber as nuances de tudo que está acontecendo.
Estar em seu tempo consciente é praticamente ver a situação em “terceira pessoa”, muitas vezes enxergando a si mesmo executando suas tarefas cotidianas. Esse exercício mental permite racionar com mais clareza sobre as falhas nos processos e produtos do dia-a-dia. É quase como olhar alguém usando seu software para ver como ele usa cada tela ou quais ele não entende. Só que consigo mesmo.
Uma dica de exercício: sempre que reclamar de algum produto ou serviço, seja físico ou digital, pare e pense como isso poderia ser resolvido. Qual seria a versão “correta” para aquele produto ou serviço? Obviamente você não vai querer resolver todos os problemas do mundo, mas este exercício de questionar a si mesmo como algo poderia ser melhor, é o caminho para se chegar nas boas ideias.
Claro, a maioria das ideias que virão à tona dessa análise em modo consciente serão ideia evolutivas em relação à coisas já existentes. Para partir daí para a disrupção é necessário ou aplicar a regra das 10x que citei antes, ou então não inovar na característica mais óbvia do problema, mas sim na essência do mesmo, que geralmente está atrelada aos desejos e anseios do usuário em relação ao produto ou serviço.
Como assim?
Quando usamos um produto ou serviço, nosso objetivo não é o produto ou serviço em si, mas sim o que ele vai nos proporcionar. Ninguém compra um smartphone pois quer andar com ele no bolso, mas sim poque quer se comunicar com seus amigos, quer tirar fotos em momentos de alegria, quer ouvir música em momentos entediantes e por aí vai.
O smartphone é o meio, não o fim, para diversos desejos e anseios que temos.
Vamos pegar o carro, que é outro exemplo bem conhecido.
Na época em que Ford criou seu modelo T, o mais comum eram as pessoas andarem à cavalo ou em veículos de tração animal. A inovação mais óbvia, e provavelmente mais requisitada, eram cavalos mais rápidos, carroças que quebrassem menos, etc.
Mas ao invés de fazer a inovação mais óbvia, e evolutiva, Ford entendeu que as pessoas queriam se locomover. Que elas não gostavam dos cavalos e das carroças por sua mera existência, mas pela sua utilidade. Ele entendeu que o importante não a carroça e o cavalo, mas levar pessoas do ponto A ao B de maneira rápida e segura. Ele focou na criação do seu carro.
Outra inovação que parece tola mas que faz muito sentido foi a dos espelhos nos elevadores.
Há década atrás os elevadores não possuíam espelhos. Em prédios altos como os existentes nos EUA, subir do primeiro ao último andar de elevador leva mais de um minuto, o que é um tempo longo para quem está sem nada para fazer e que gerava muitas reclamações.
Qual era a inovação mais óbvia aqui?
Elevadores mais rápidos, é claro! Para isso teríamos que dimensionar novos motores, sistemas de emergência, mexer na engenharia como um todo.
O que se compreendeu foi que o real problema não era o elevador demorar 1 minuto para subir do primeiro ao último andar. Esse é um tempo razoável e que não causava problemas à ninguém. O problema real não era a velocidade, mas sim a falta do que fazer dentro do elevador durante esse tempo, o que angustiava as pessoas. Precisávamos dar algo pra elas fazerem.
Assim surgiu a ideia de pôr espelhos nos elevadores e mais tarde até televisores, principalmente em prédios comerciais, onde você vê notícias de economia e política, bem como cotações de moedas e ações enquanto sobe para a sua reunião importante ou para trabalhar.
Ok, televisores fazem sentido, mas espelhos?
Sim. A maioria das pessoas que reclamam da demora de um elevador é porque estão com pressa, geralmente atrasadas para uma reunião, trabalho, encontro, etc. Dificilmente você reclama de um elevador quando está se divertindo em um shopping, por exemplo. E quando você está atrasado para um compromisso, qual é a sua outra preocupação? Sua aparência.
Bingo!
Um espelho te dá algo para fazer enquanto aquele longo 1 minuto não passa e ainda te ajuda a verificar se está tudo bem com sua gravata, topete, dentes ou o que quer que esteja te preocupando.
Note que tanto o carro quanto o espelho no elevador não eram inovações óbvias. Foi necessário olhar o problema sob ângulos diferentes para entender o que realmente era o problema. No caso de Ford, foi a criação de um produto inteiramente novo. No caso do elevador com espelho, foi a melhoria do produto já existente, mas de uma maneira impensável à primeira vista.
Indo além
Não existe uma maneira “certa” de inovar e nem uma receita de bolo, embora existam livros como o Game Storming e Business Model Generation com dinâmicas que você pode realizar para gerar ideias inovadoras.
Técnicas como Jobs to be Done, brain storming e design thinking também são muito utilizadas nas empresas em busca da inovação.
Mas em linhas gerais, tenho certeza que as dicas que te passei podem lhe ajudar bastante a entender o processo de criação da inovação.
Mais sobre como inovar e aproveitar as oportunidades no vídeo abaixo.
Até mais!
Olá, tudo bem?
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