Mais um fiasco tecnológico na Black Friday brasileira

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Mais um fiasco tecnológico na Black Friday brasileira

Luiz Duarte
Escrito por Luiz Duarte em 27/11/2016
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Nesta última sexta-feira, 25/11, aconteceu a tão esperada Black Friday, evento anual “copi-colado” dos EUA onde originalmente os varejistas “eliminavam” seu estoque velho a preços absurdamente baixos em prol de liberar espaço para entrar as novas mercadorias que deveriam bombar nas vendas de Natal. No Brasil não é bem assim, e também não sei dizer se nos EUA a tradição se mantém, já que sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco, como diria a velha canção. O que acontece por aqui é que todo mundo que tem um negócio, desde sacolé até venda de Avon de porta em porta, criou algum tipo de promoção pra Black Friday, que geralmente não impressiona nem os menos incautos.

Mas não é disso que vou falar aqui, afinal não sou economista e nem estou dando entrevista para o Jornal Hoje, onde esse tipo de notícia ganha grandes manchetes. Não vou ser clichê e ficar falando que a black friday brasileira só tem promoções do tipo “tudo pela metade do dobro”. Vou falar de um fiasco muito maior, o tecnológico.

Não me entenda mal, não sou anti-patriota assim como não sou “nacionalista de viseira”. Meu post não é, nem de longe, fruto da “síndrome de vira-latas” que tanto assola nossa país desde tempos imemoriais. É um relato técnico e isento do fiasco tecnológico que é a nossa black friday brasileira, mais especificamente falando dos nossos ecommerces.

Convenhamos, não é a primeira vez que temos uma black friday no país, há anos acompanho o crescimento do movimento. Também não é  a primeira vez que a maior parte das lojas que possuíam alguma promoção decente ficaram fora do ar por não darem conta de aguentar o tráfego de consumidores à meia-noite do dia 25/11. Todo ano acontece isso e esse ano eu fui um desses consumidores que alternava entre as páginas de erro e de “fila virtual” tentando comprar os eletro-eletrônicos que faltam para a minha nova residência. E não estou falando de pequenos ecommerces locais, estou falando de grandes redes como a Lojas Colombo, com mais de 250 lojas físicas e um ícone do varejo gaúcho. Estou falando do ecommerce da Fast Shop, que detém lojas luxuosas em grandes shopping centers como o Barra Shopping Sul.

Você clicava em um produto e… erro na página. Acessava um site e…você é o terceiro da fila. E por aí vai. Desisti de realizar diversas compras por causa desses erros e outras deixei para tentar depois. Um “depois” que não chegou em alguns casos pois pensei melhor, eliminando a compra por impulso que tanto faz as lojas lucrarem. Imagino que isso não tenha acontecido só comigo.

Sou profissional de tecnologia desde 2006. Conheço no mínimo uma dezena de maneiras de manter seu ecommerce no ar independente da carga de usuários nele. E não sou o único. Trabalho em uma empresa de tecnologia onde tem, no mínimo, mais uma meia dúzia de profissionais tão gabaritados, ou até mais, do que eu, para manter um site no ar custe o que custar.

Qual o segredo? Investir. Mas não tanto quanto os ecommerces podem estar achando que custaria.

Vivemos em uma época em que o cloud computing está no seu auge. Onde podemos contratar a infraestrutura que quisermos para solucionar qualquer problema existente e pagar somente pela quantidade e tempo que usarmos. Isso mesmo. Se o pico de compras da black friday dura apenas as primeiras horas da madrugada, por que diabos os administradores dos ecommerces brasileiros não escalam as suas infraestruturas de acordo??? De quê adianta gastar centenas de milhares de R$ em marketing, ou até milhões, se chega na “hora H” e seu site não dá conta de atender a demanda?

Muitos desses ecommerces inclusive usam plataformas ditas como “líderes de mercado”, “plataformas de ponta”, e mesmo elas falharam. Não vou citar nomes aqui, pois tenho amigos que trabalham nas respectivas empresas, não na parte de TI, mas mesmo assim não quero constranger ninguém. Isso é o retrato da mais pura incompetência técnica, pois falta de dinheiro é que não é. E quem é que ganha com isso? Os players gringos.

A Amazon.com.br está de Black Week a semana inteira, certamente estão tendo um volume absurdamente alto de clientes uma vez que meus livros têm vendido como nunca essa semana, no mínimo o dobro que as vendas diárias normais. E não notei nenhum sinal de lentidão em nenhum momento. Realizei compras perfeitamente e com preços em média 50% mais baratos nos livros que queria comprar faz tempo.

Não vou dizer também que preparar o ecommerce para uma enxurrada de clientes é algo facílimo ou rápido de fazer, ms que é viável financeira e tecnicamente e que as lojas tem no mínimo um ano para se prepararem pra isso. Sério gente, em tempos de crise como esse, quando todo mundo tá reclamando que não tem clientes entrando nas lojas, vocês me deixam clientes como eu do lado de fora de seus ecommerces por não darem conta dos acessos???

Francamente.

Varejistas, acordem pra vida e passem a tratar seus ecommerces com a mesma seriedade com que tratam suas lojas de esquina que, aliás, atualmente estão desertas por causa da crise.

* PS: o vídeo no topo foi só pra ilustrar. É velho, mas sempre me divirto assistindo ele, hehehe.

Olá, tudo bem?

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