Minha experiência com um smartphone Xiaomi

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Minha experiência com um smartphone Xiaomi

Luiz Duarte
Escrito por Luiz Duarte em 25/06/2016
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Sim, eu já fui um portador de um celular Xiaomi, um Redmi2 para ser mais exato. Como todo mundo me pergunta se é bom, se vale a pena, se não é “xing-ling” demais, se o Android dele presta, etc, etc, resolvi escrever este post a quem possa interessar comprar (ou não) um celular da marca.

Este é um artigo com a minha opinião, baseado em tudo o que eu pude experimentar e vivenciar com o dito-cujo. Não tenho intenção nenhuma além de narrar os fatos.

O que é Xiaomi? É de comer?

Tive o primeiro contato com a marca chinesa Xiaomi (lê-se xaumí) em uma viagem que fiz ao Uruguai em 2015. Era só o que vendia em uma seção de eletro e informática de um freeshop em Rio Branco. Achei curiosa a marca e embora os preços fossem convidativos, não botei fé.

Que falha de minha parte!

No mesmo ano a mídia começou a fazer um burburinho de que a Xiaomi, maior fabricante de smartphones da China e terceira ou quarta maior fabricante de smartphones do mundo (atrás de Huawei, Apple e Samsung se não me engano), estava para iniciar sua operação no país.

Sim, a empresa é a maior e melhor fabricante de celulares asiática, conhecida por lá como “Apple da China”. E eu perdi de comprar seus produtos sem impostos de importação no Uruguai. Decidi que não iria perder a oportunidade durante o lançamento pois precisava trocar de celular, meu Samsung Galaxy Note já estava com os dias contados.

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A Compra

Em setembro de 2015 li reviews técnicos do único aparelho que eles trouxeram ao Brasil, o Redmi2. Suas especificações eram bem boas: um quad-core Snapdragon 410 da Qualcomm, com 1.2GHz e 64-bit, uma tela IPS HD de 4.7″, 1GB RAM e 8GB de memória interna, expansível até 32GB com SD, câmera de 8MP com flash de LED e câmera selfie de 2MP. Além disso aceitava 2 chips 4G, o que me servia pois uso TIM e VIVO.

Isso era o equivalente a celulares como o Moto G da época mas a um preço muito inferior: R$510 à vista com frete. Não pensei duas vezes e comprei direto pelo site da marca, única opção à época.

Chegou em poucos dias, menos de duas semanas (paguei só R$10 de frete), e uma caixinha bem bonita e simples com pouquíssima coisa dentro. Montei o celular, tive de cortar meu chip que era grande demais e comecei a usar. No início me atrapalhei um pouco pois estava em Bahasa/Indonésio, então tive de começar tudo de novo e procurar a opção de mudar o idioma. Quando terminei de configurar, estava pronto para uso.

Infelizmente notei um mês depois que a Xiaomi havia lançado no Brasil uma versão melhor do Redmi2, chamada de Redmi2 Pro, com 2GB RAM e 16GB de memória interna, por apenas R$100 a mais. Isso me deixou um pouco chateado pois adoraria ter pago 20% mais em troca de 2x mais RAM e armazenamento.

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Usando

Nos meses que se seguiram, até junho de 2016, foram só alegrias. O smartphone atendia tudo que eu precisava, era rápido, não travava, rodava meus apps favoritos (como os emuladores de Nintendo 64, Playstation 1, Super Nintendo, Gameboy Advance e Nintendo DS), sua bateria durava 3 dias, a tela era nítida e grande o bastante para ser fácil de digitar e pequena o bastante para caber no bolso (coisa que meu Galaxy Note anterior não era).

O que eu temia, o Android que vinha nele, se mostrou melhor do que muito Android de fabricantes veteranos por aí como Motorola e Samsung. A versão era a Kit Kat mas com uma interface customizada chamada de MIUI que se assemelhava mais à aparência e usabilidade do iOS da Apple (eu já disse que a Xiaomi é chamada de Apple da China?). Muito fluida e com updates constantes, eu realmente acredito que encontrei o melhor custo benefício de Android no país.

Obviamente o que eu temia acabou acontecendo e ele levou um ou outro tombo (obrigado meu filho querido!), mas nada que tivesse abalado seu funcionamento, mas deixou um pequeno chanfro em um dos cantos e descascou um pouco a traseira. Isso me lembrou que eu devia ter comprado a capinha que eles me ofereceram no site, quando estava comprando o celular, pois obviamente não existem acessórios para um Xiaomi em lugar algum à venda. Talvez em Pequim tenha.

Em maio desse ano uma coisa começou a me chamar a atenção: às vezes a tela dava umas piscadinhas, como quando está acabando a bateria. Mas não dei muita bola, tinha pago muito pouco por um excelente celular que atendia à todas minhas necessidades.

Xiaomi desistiu do Brasil?

Mais ou menos há um mês atrás saiu um comunicado na imprensa de que a Xiaomi estaria deixando o Brasil, sem nem ter chegado direito ao país. Na verdade a notícia é um pouco mais complicada que isso, eles planejavam ter fábrica aqui (o Redmi2 é trazido da China por enquanto), mas com os efeitos da crise e o custo Brasil eles acabaram desistindo da ideia, ao menos por enquanto. Então terceirizaram a parte de venda para lojas virtuais (hoje você não consegue comprar mais pelo site deles) e deixaram apenas suporte técnico no Brasil, mantendo as fábricas somente na China e descartando a hipótese de trazer algum lançamento em breve.

Isso não me preocupou muito pois não tinha problema algum com o celular. Mas sabe aquelas piscadinhas que eu disse que estavam acontecendo com a tela? Teve um dia, no final de maio que elas ficaram piores, até a tela não ligar mais. Aí eu pensei: ferrou!

Assistência técnica e garantia

O celular não acendia mais a tela, mas eu conseguia usar ele. Tipo, eu recebia ligações, conseguia desligar e ligar ele, mas não via nada na tela. Consultei o site e descobri que o suporte era via telefone ou chat de segunda à sexta. Entrei no chat no dia seguinte e expliquei meu problema. O atendente do chat me deu algumas dicas meio perdido, ele não entendeu direito o que aconteceu e eu também não sabia se era culpa minha ou do aparelho. No fim fiquei de fazer um hard-reset segundo instruções do técnico, mas quando cheguei em casa, ele não dava mais sinais de vida. Enquanto isso voltei a usar um LG tosquinho e bem velho que só liga e manda SMS, nem joguinho tem, mas que já me salvou mais de uma vez.

Acessando o site novamente descobri que não existe assistência técnica em lugar algum do Brasil. Que todos celulares com defeito devem ser enviados diretamente à Xiaomi em SP para serem analisados e consertados.

Puxa vida, pensei, isso deve demorar uma eternidade!

Então pedi à minha esposa que fosse no centro da minha cidade, Gravataí/RS, verificar se não tinha algum técnico corajoso para abrir e ver se havia algo a ser feito ou se eu devia jogar fora o celular. De repente meu mundo havia ruído e por algum tempo me senti muito envergonhado de ter caído no conto da fabricante chinesa. Pior fiquei quando minha esposa avisou que nenhuma assistência de celular quis sequer olhar o aparelho pois nem sabia da existência da marca! Onde fui me meter????

Bom, decidi que ia enviar pra eles resolverem e se não tivesse solução ia escrever um post desses e espalhar por aí, falando mal da marca. Que eles iam se ferrar comigo. Entrei no chat novamente, peguei instruções com a atendente de como proceder e ela pegou os meus dados e me disse que eu receberia em meu email um código de postagem para enviar o celular para garantia pelo Correio. Que depois de recebido demoraria até 15 dias corridos para resolverem e depois me mandarem de volta. Catei a nota fiscal, tirei uma cópia e enviei pelo Correio. Pelo menos só tive de pagar a caixa, pois com o código de postagem as despesas eram por parte deles.

Isso era início de junho e estava furioso porque não posso ficar sem celular. Tenho esposa e filho pequeno, trabalho em outra cidade, e não dava pra depender do celular sobressalente que estava usando, não era confiável. Também fiquei com medo de comprar outro celular ruim e acabai chutando o pau da barraca e comprei um iPhone. Tipo, não tem o que dar de errado com um iPhone, tenho um Macbook há sete anos e nunca tive problema algum, queria a mesma experiência com um celular e estava crente que jamais veria meu Xiaomi novamente. Nem mesmo guardei o código de postagem dos Correios para acompanhar o envio e toquei a vida adiante.

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O Retorno

No entanto, para minha surpresa, 15 dias depois (incluindo o tempo de envio e retorno) minha esposa me liga que o celular estava de volta e funcionando perfeitamente! Ao testá-lo, notei que haviam limpado a memória do mesmo, mas que era o meu por causa dos sinais de uso em locais específicos. A Xiaomi analisou e entendeu que aconteceu um problema com o processador do celular que havia pifado, trocaram o mesmo e me mandaram de volta após os testes, sem custo algum, tudo por conta da garantia.

O celular está perfeito. Como novo por causa da formatação. Minha esposa ficou muito feliz pois pegou para ela uma vez que não faz sentido eu ficar com dois celulares. Me senti meio ridículo por ter gasto com um iPhone e não ter esperado tão poucos dias para ter o meu querido smartphone de volta. E sabe da maior? Sabe os meus apps que uso para emular jogos antigos? Não tem no iPhone!!!! Sabe o dual chip 4G do Redmi2? Também não têm no iPhone!!!! Definitivamente não foi um bom negócio ter desacreditado na marca ao primeiro sinal de problema…

Novo problema: tela quebrada

Meses depois que dei o smartphone à minha esposa ela deixou cair e estourou a tela de maneira que não dava mais para usar. Como devem imaginar, ninguém conserta o dito-cujo e muitas lojas nem sabem de que marca estou falando, em SP achei assistências que conheciam o modelo, mas não arrumavam. Assistência técnica oficial só a deles mesmo, via Correios, mas queriam cobrar R$420 pra trocar a tela, sendo que paguei pouco mais de R$500 pelo aparelho, não valia a pena.

Como fizemos uma viagem ao Paraguai nessa época, acabei comprando um LG mid-end a preço de banana por lá e dei pra minha esposa, deixando o smartphone pra sempre estragado com a tela estourada.

Conclusões

A marca é boa. O celular é um excelente mid-end, não tive aqueles problemas que ouço toda hora o pessoal que tem Moto G reclamar. Também não tem aquele Android ruim que a Samsung adora colocar em seus smartphones. E é Android, então não tem todas aquelas limitações do iPhone. Sério.

Deu problema? Sim.

Mas eles resolveram tão logo eu enviei pra eles, sem custo algum (com exceção da caixa para envio que paguei R$4,10) e agora está como novo novamente. Estou pra dizer que fui melhor atendido do que quando estragou meu antigo note HP e tive que levar pessoalmente na garantia, demorou um mês pra resolverem e 1 ano depois estragou de novo.

Talvez alguns não concordem com minhas comparações com o iPhone. Não me entendam mal, estou gostando de várias coisas no iPhone. A estabilidade e fluidez do iOS é muito melhor que a do Android, mas qualquer um que tenha usado as duas plataformas tem de admitir que a loja do Android é muito mais recheada, tanto de coisas ruins quanto de coisas boas, é só saber procurar. Já a loja do iOS, se você não quiser fazer jailbreak, te limita em muitas coisas. Como emuladores de games antigos, por exemplo.

Resumindo a novela: só compraria Xiaomi de novo se voltassem com operação no país e se diminuísse o custo de manutenção. É tipo ter carro importado, não compensa e na primeira vez que estraga tu se arrepende até o último fio de cabelo. Espero poder voltar para marca, era realmente boa.

Até mais!

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5 Replies to “Minha experiência com um smartphone Xiaomi”

Caio Belém

Boa noite, Luiz. Em primeiro lugar, muito obrigado por compartilhar sua experiência. Foi bem esclarecedora.
Sabe dizer se algo mudou em relação à assistência desde a publicação desse seu texto?

Abraços

Luiz Fernando Jr

Sim, eles não tem mais operação no país e o custo de manutenção (exclusivo deles) está altíssimo para os aparelhos que já terminaram a garantia. Quebrou a tela do mesmo aparelho que citei no post e eles querem mais de R$400 para trocar. Triste, pois era um bom aparelho.

Fabiana Bovo Rodrigues

Boa tarde. Infelizmente esse custo absurdo não é exclusivo da Xiaomi. Comprei um Galaxy A7 por R$1200,00 e em menos de 1 mes ocorreu um acidente, que estourou a tela dela. Resultado: R$800 para trocar na assistência técnica ou R$550 nos camelôs que trazem tudo da China (sem garantia, claro). A maioria dos aparelhos hoje em dia está assim, se quebrar o display não compensa consertar.

Douglas Scanavez

Tenho meu Redmi 2 Pro ainda…está com 2 anos e 2 meses de uso e funciona redondo ai, dando pau nos motorolas e samsungs da vida. Minha esposa tem um motoG 1 ano mais novo, e já não vale nada. Comprei ciente dos riscos e sabendo que se eu precisasse de garantia estava ferrado, mas valia o risco, pois como disse nossa amiga ai embaixo, peças de reposição de qualquer marca estão com preços absurdos, então não compro celular pensando na garantia, pois são feitos para serem trocados em caso de quebras. Não precisei da garantia e nem de assitência, por sorte. Tive problemas com o carregador que parou de funcionar depois de mais de um ano e com o cabo de dados que ficou com mau contato também, mas certamente foi por causa da falta de cuidados com ele.
Hj, meu Xiaomi tem um pequeno mau contato no conector USB que causa algum incomodo na hora de carregar, pois é preciso achar a posição ideal de encaixe. Mas esse problema apareceu no final de dezembro e vejo como aceitável para um celular de 2 anos. Por fim, ainda utilizo ele normalmente com um carregador e um cabo de dados da samsung e já estou pensando em importar um outro Xiaomi, pois o meu deve estar com os dias contados já…

Luiz Fernando Jr

Sim, considerando o preço que paguei no mesmo, foi bem útil enquanto durou. Me preocupa peças e assistência técnica no caso de modelos mais caros. Acredito que não compraria um modelo que valesse mais de R$1 mil sem garantia de que poderei consertar caso estrague.

Ano passado estive no Paraguai. Lá você encontra modelos Lenovo equivalentes ao RedMi 2 Pro por R$150. Fica a dica.