Os 6 princípios mais importantes do Scrum

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Os 6 princípios mais importantes do Scrum

Luiz Duarte
Escrito por Luiz Duarte em 20/04/2017
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Trabalho com métodos ágeis desde 2010. De lá pra cá, nestes 7 anos de estrada, vejo muitas equipes falharem na adoção do framework, seja pela disciplina inerentemente necessária à essa tarefa, seja pela displicência das equipes em realmente “fazer acontecer”.

Sinceramente não acredito que o “Scrum flácido” seja o principal causador dessas falhas, mas sim uma “mentalidade flácida”. Não são raros os times que acham que colocar o Scrum Guide embaixo do braço vai resolver todos os seus problemas de entregas fora do prazo, escopo indefinido, falta de comprometimento e muito mais.

Muito mais do que decorar as regras do Scrum, neste post sugiro que você se foque em entender os 6 princípios mais importantes por trás dessa famosa metodologia. O Scrum não funciona apenas por ter reuniões de 15 minutos em pé todos os dias. Ele funciona por causa dos princípios por trás de cada um dos seus eventos, papéis e, porque não dizer, “excentricidades”.

Resumidamente, os princípios são:

  1. Empirismo
  2. Auto-organização
  3. Colaboração
  4. Priorização baseada em valor
  5. Time-boxing
  6. Iterativo-incremental

E se você nunca trabalhou com Scrum antes, recomendo que comece assistindo ao vídeo abaixo onde resumo ele em 10 minutos.

Vamos lá!

Princípio 1: Empirismo

Você sabe o que é algo ‘empírico’?

É algo advindo do conhecimento prático, o oposto de algo que só funciona na teoria, entende?

Scrum é um framework empírico, criado com base em décadas de experiência dos seus fundadores à frente de projetos de software e essa é a filosofia central dele. Não apenas você deve acreditar nos anos de experiência dos srs. Ken Schwaber e Jeff Sutherland como Scrum enfatiza que você aprenda com a sua experiência ao longo das sprints.

Transparência, inspeção e adaptação, os três pilares do Scrum, lembra?.

Após rodar algumas sprints (da maneira correta, fazendo reviews e retrospectivas), você começará a gerar o seu próprio conhecimento empírico, realimentado o framework e aumentado a qualidade dos seus processos.

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Princípio 2: Auto-organização

Esse aqui talvez seja o ponto mais falho, uma vez que nem todo mundo tem a disciplina de se auto-organizar. O fato é que as pessoas entregam significativamente um maior valor quando são auto-organizadas e isto resulta em times mais satisfeitos e responsabilidade compartilhada; e em um ambiente inovador e criativo que é mais propício ao crescimento.

Lembra da fábula da “galinha e o porco” (ilustrada no início desse post)? #oldbutgold

A galinha queria abrir um restaurante com o porco, sugerindo o nome “Ovos com Presunto”. No entanto o porco recusou. Isso porque ele estaria comprometido, enquanto a galinha estaria meramente envolvida.

Auto-organização requer um comprometimento altíssimo com os demais membros do time e com a empresa. É um princípio fundamental não apenas para o Scrum, mas para a vida da gente.

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Princípio 3: Colaboração

Esse princípio concentra-se nas três dimensões básicas relacionadas com o trabalho colaborativo: consciência, articulação e apropriação. Também defende o gerenciamento de projetos como um processo de criação de valor compartilhado, com times trabalhando e interagindo em conjunto para atingirem melhores resultados.

No livro As 17 incontestáveis leis do trabalho em equipe, de John Maxwell, a primeira lei é a Lei do Monte Everest. Ninguém jamais conseguiu subir o monte Everest sozinho. Sabe por quê? Porque quanto maior o objetivo, maior a necessidade de se trabalhar em equipe, de maneira colaborativa.

Quando o time é competitivo e/ou quando os membros são egoístas, o objetivo do grupo não é alcançado, e muitas vezes os pessoais também não.

Princípio 4: Priorização Baseada em Valor

Esse princípio destaca o foco do Scrum em entregar o máximo de valor de negócio possível, durante todo o projeto.

Quando falamos que Scrum é um framework para desenvolvimento de produtos complexos, que seu cerne é entregar valor de maneira frequente e com qualidade, não estamos falando necessariamente de software. Esse é apenas o uso mais comum do framework.

Entregar valor é atender a demanda do seu mercado. É resolver o problema do seu cliente.

Não tem nada a ver com fazer over-engineering ou escovar bits. Lembra-se do Manifesto Ágil? Software funcionando é mais importante do que documentação abrangente. Eu diria mais, cliente satisfeito é mais importante que usar a linguagem de programação da moda. Que valor é mais importante que tecnologia.

Para aprender mais sobre priorização de backlog, leia este post.

Princípio 5: Time-boxing

O tempo é considerado uma restrição limitada em Scrum, e que ele deve ser usado para ajudar a gerenciar o planejamento e execução do projeto com eficácia. Os elementos Time-boxed em Scrum incluem os Sprints, as Reuniões Diárias, a Reunião de Planejamento da Sprint, e a Reunião de Revisão da Sprint.

Na verdade não só no Scrum, mas o conceito de time-boxing deve ser levado para toda a vida, se você deseja ser mais produtivo.

O princípio de eventos com prazo e duração limitados norteia-nos para que os objetivos sejam atingidos de maneira eficaz e eficiente.

É duro dizer a um colega do time que ele estourou o tempo que tinha para falar na reunião diária. Mas tenha a certeza que da próxima vez ele será mais objetivo, se quiser ser ouvido por completo.

É triste muitas vezes o time falhar na entrega porque faltava “apenas” mais um dia para terminarem as features. Mas tenha a certeza que na próxima sprint eles aprenderão com esse erro e estimarão melhor as tarefas. Ou se descuidarão menos com distrações e imprevistos.

Princípio 6: Iterativo-Incremental

Muita gente confunde iterativo com interativo. E não é um typo, existe um ‘n’ a mais na segunda palavra.

Iteração é uma execução de um laço, uma repetição. Um desenvolvimento iterativo-incremental é aquele cujas etapas se repetem indefinidamente, e a cada iteração, um novo incremento do produto é entregue pronto.

Mesmo que não use Scrum, desenvolver produtos de maneira iterativa-incremental é sempre uma boa ideia. Iterações e colaboração com o cliente garantem uma entrega alinhada com a percepção de valor do cliente, o que por sua vez gera uma maior qualidade no projeto como um todo.

Mesmo que não use Scrum, aplicar estes princípios em seus projetos não faz mal à ninguém, muito pelo contrário, faz muito bem.

Quer ver um vídeo onde mostro na prática como conduzir um pequeno projeto com Scrum? Confira abaixo.

* OBS: curtiu o post? Então dá uma olhada no meu livro de Scrum e Métodos Ágeis e/ou no meu curso (abaixo) sobre o mesmo assunto!

Curso de Scrum e Métodos Ágeis

TAGS: agile

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4 Replies to “Os 6 princípios mais importantes do Scrum”

Herbert Guimarães

Tudo bom Luiz?
Relendo alguns post seus sobre scrum, fiquei com uma dúvida.
Estou para fazer a certificação PMP, pois minha formação é em engenharia de automação. Programo em algumas linguagens backend, mas não profissionalmente (pretendo integrar a TI com Automação Industrial = Industria 4.0). Porém minha dúvida surge no seguinte aspecto: Faço uma PMP e em seguida uma scrum, abrindo mais portas; ou, PMP mais ITIL? Até pensei em uma pós na área de governança ou segurança em TI, porém acho que as certificações me trarão um up neste momento e paralelo dobrar meus estudos em linguagens de programação e banco de dados. Sei que é complicado dar opniões, mas por sua trajetória até o momento você sentiu necessidade de ter uma certificação ITIL ou Cobit? Grande abraço.

Luiz Fernando Jr

Depende dos seus objetivos. Se deseja trabalhar em empresas tipo “Fortune 100”, manda ver no ITIL e Cobit junto ao PMP. Agora se curte mais a pegada de startups, nem a PMP é muito valorizada, nesse caso Scrum e cia. é mais indicado. Pelo menos é a percepção que tenho, nunca tive interesse nos métodos mais tradicionais de gestão e também nunca me foi requisitado em nenhuma empresa que já me interessei em trabalhar. Não que a minha escolha seja certa para todos, mas foi o caminho que escolhi. Espero ter ajudado. 🙂

Luiz Fernando Jr

Complementando, nunca trabalhei em indústria. Olhando de fora acho que eles são mais tradicionais que as demais empresas de tecnologia, certo? Nesse caso, faz todo o sentido ITIL e Cobit. Um abraço.

Herbert Guimarães

Sensacional sua visão. Muito obrigado. Hoje estou mais inclinado na pegada das startups, porém ainda com um braço na industria. Vou me dedicar aos estudos para PMP e Scrum (mesmo entendendo que ambas são sobre gerenciamento), pois creio que assim consigo melhorar meu desempenho na área industria e juntamente com o scrum poder melhor contribuir com meu time de startups (uma vez que meu papel é estratégico ao negócio e pouco de desenvolvimento). Grande abraço. Sucesso sempre.